quarta-feira, 26 de junho de 2013

Busologia política - A importância das estações e da qualidade da frota do transporte público


E ai pessoal?

Na minha monografia de curso eu percebi que muitas vezes o usuário do transporte público sente-se mal de usá-lo não somente por desconforto, mas também pelo prejuízo da sua auto-estima. Profissionais mal educados, mal treinados que não sabem lidar com o passageiro, veículos mal conservados, estações degradadas, longas filas nas estações e nos pontos, superlotação, tudo isso acaba com a auto-estima das pessoas. Uma amiga minha me disse que se sentia humilhada em ter que ir pra Rua Caetés, ficar numa fila gigantesca um tempão esperando ônibus, sem nenhum banco, sem nenhuma cobertura, no meio da calçada, porque o ônibus dela só tem um ponto de embarque no centro. Nos dias de chuva todo mundo corre para debaixo das marquises e o embarque vira o caos! Quando eu vejo os usuários da 2810, antiga 4408, na Rua Curitiba no horário de pico fazendo um filão que vai do ponto no meio do quarteirão até a esquina eu sempre me lembro do depoimento dela. Engraçado que quando o PROBUS foi implantado em 1982, um dos seus principais objetivos era acabar com essas filas, liberar as calçadas redistribuindo os pontos de embarque.

É preciso melhorar os pontos de embarque e diversas estações de ônibus e metrô. A estação intermodal São Gabriel, por exemplo, é uma pocilga! Só tem uma lanchonete perto das catracas do metrô, onde agora estão sendo feito os embarques de ônibus e funcionava antigamente como rodoviária pras linhas interestaduais de Vitória, Guarapari, dentre outras cidades. Lá o sol bate na cara dos passageiros a tarde. As estações de metrô não têm banheiro em BH. Onde já se viu um local de espera que não se tenha banheiro? A pessoa tá apertada, o próximo ônibus sai em 20 minutos, e aí? Faz na roupa? Essas estações além de ruins, são feias! Nada impede uma estação de ser funcionalmente boa, bonita e barata. Essas que eu citei são um lixo em todos esses aspectos.

Na verdade, se a cidade quiser diminuir o engarrafamento, o único jeito é investir em transporte público. E não adianta o sistema ser simplesmente funcional. O sistema tem que oferecer algo a mais pro usuário para que ele se sinta bem ali. Estações intermodais são lugares de baldeação, o que é algo naturalmente indesejado pelos usuários, pois preferem uma viagem direta, ininterrupta. Nesses lugares as pessoas tem que desembarcar, caminhar um percurso a pé, enfrentar outra fila, tem que esperar novamente outro veículo, correm o risco de comprometer a viagem sentado, etc. As pessoas tem que sentir que há alguma recompensa a todo esse transtorno. O usuário tem que se sentir dentro de um sistema organizado de transportes em que ele tenha vantagens como a integração tarifária que lhe permite rodar por toda a cidade pagando uma só tarifa, que ele perceba uma otimização do trânsito de ônibus nos corredores e centro e além dessas características funcionais, que ele também tenha disponibilidade de serviços nesses lugares. Todas as estações deveriam oferecer no mínimo serviços básicos como lanchonete, banheiro, fraldário, caixa eletrônico, guichê de informações, etc. Além disso, o tratamento arquitetônico desses lugares deve ser bem feito, pois a gente se sente melhor em ambientes bonitos. Lugar feio ninguém cuida, o povo quer que se exploda mesmo. Se as pessoas têm prejuízo da sua auto-estima usando esses serviços, obviamente farão o possível para não usá-los. Reverter isso que eu tô falando é o mínimo pra tentar reverter esse processo.

Outra coisa importantíssima pra melhorar o transporte é investir na qualidade da frota. É impossível fazê-lo com caminhônibus (ônibus montados em chassi de caminhão). Esses veículos são duros demais, não oferecem o devido conforto ao usuário, mas são comprados pelas empresas de ônibus porque são mais baratos, desgastam-se menos por serem mais leves, possuem maior poder de revenda e consomem menos combustível. O pior de tudo isso é que essa economia não se reflete na passagem, só no bolso dos empresários. Se você se sentar em um banco na parte de trás desses veículos e ele passar em alta velocidade sobre um quebra-molas ou entrar acelerado num declive você corre risco de bater sua cabeça no teto. Quem tem osteopenia, osteoporose, problemas na coluna eu não aconselho sentar lá. Além disso tudo, esses veículos são pouco acessíveis. Eles tem motor na frente do veículo consumindo um pedaço enorme do corredor atrapalhando a passagem, produzindo ruido e calor. A altura do primeiro degrau em relação ao chão desses veículos é absurda. São 45 centímetros. Isso é a altura do assento de uma cadeira. Imagina um idoso com artrite subindo um troço desses. Nos ônibus padrons essa altura é bem menor, é de 37cm. Bons mesmos são os piso baixo que tb possuem 37cm, mas agacham um pouquinho e ainda tem rampa pra cadeirante.



Belo Horizonte entre meados de 1993 e início de 2003 teve a melhor frota do Brasil. Os caminhônibus foram proibidos. Só entravam ônibus padron, muito mais macios, estáveis. Hoje em dia todos os padrons, piso-baixos e articulados foram aposentados e só tem furrecas em BH. O pior é que a própria BHTRANS impõe normas que desestimulam a aquisição de veículos melhores. Olhem o link: Requisitos mínimos da frota de BH. A BHTRANS exigir média de idade de 4,5 anos pra frota das empresas e deixar a vida útil dos veículos padron ser de 10 anos, enquanto dos caminhônibus ser de 7 é o cúmulo da incoerência. Quem vai comprar veículos mais caros pra trocar mais cedo?

Tá na hora de melhorar o nosso transporte, de dar dignidade pro passageiro e atrair o usuário do automóvel! Vamos exigir veículos melhores, estações melhores, pontos melhores, tarifas mais justas e principalmente a melhoria da eficiência desse sistema!




Sobre o post anterior, eu gostaria de acrescentar mais um exemplo de como funciona a política nos bastidores pra deixar a coisa mais clara ainda.

Imagina um especulador imobiliário que tenha imóveis e lotes espalhados pela cidade. Sabe-se que empreendimentos públicos podem desvalorizar ou não determinados lugares. O Minhocão em SP, por exemplo, foi responsável direto pela degradação do seu entorno, assim como o Complexo da Lagoinha em BH deteriorou a região da Lagoinha, pois tornou perigoso o trânsito de pessoas. Por outro lado, obras de acesso, obras de revitalização de bairros, melhorias no transporte, por exemplo, são coisas que podem valorizar o terreno ou o imóvel. Um especulador que tenha informações privilegiadas e tenha poder decisão nos empreendimentos públicos simplesmente fatura uma bufunfa! Assim, esses caras investem muito nas eleições municipais para colocar no poder prefeito e vereadores que apresentem projetos e repassem informações que os favoreçam. Simples assim.

Ônibus: Marcopolo Torino GV Volvo B7R Prefixo 6608 Linha 5534 - Conjunto Zilah Spózito operada pela Auto Omnibus Floramar
Foto extraída do extinto blog: http://ohomemcueca.fotopic.net
Fotógrafo: Vítor Rodrigo Dias.



domingo, 23 de junho de 2013

Busologia política, movimento passe livre, manifestações


E ai galera?

Nesse post continuaremos a série de publicações políticas atreladas ao nosso hobby.

O Movimento Passe Livre (MPL) encerrou suas manifestações após obter a revogação do aumento de R$0,20 na tarifa de ônibus, entretanto ele continua suas atividades de discussão e conscientização das pessoas deixando-as livres para participar de novas manifestações por outros motivos , só que sem usar o nome do movimento. Na minha opinião, atitude absolutamente sensata por parte deles, pois os caras mantiveram o foco e cumpriram o acordo que fizeram com o governo. Além disso, eles conseguiram algo muito mais amplo do que reduzir a tarifa que foi colocar o transporte público em discussão em nível nacional e isso não pode parar. Tiro meu chapéu pra esses caras. 

Com a saída do MPL da organização das manifestações, é necessário o surgimento de novas lideranças que consigam guiar as massas de modo a manter o alto nível e evitar a baderna. Está havendo um esvaziamento muito grande de conteúdo das manifestações, o que é muito perigoso, pois todo um movimento muito bonito de contestação a maneira tosca de se fazer política nesse país pode se desvirtuar e descambar. O Brasil tem tanto problema, mas tanto problema, que é reivindicação demais pra pouca passeata e tá tudo condensado. O pior é que muita gente não politizada tá gritando por coisas sem sentido, cobrando da Dilma coisas que são de responsabilidade do poder legislativo, gente cobrando do estado coisas de responsabilidade do prefeito, etc. A primeira coisa que as pessoas precisam aprender é cobrar responsabilidades da pessoa certa. Vejo também gente reivindicando coisas de forma vaga, por exemplo, gente gritando: "Chega de corrupção!", mas não tendo a menor noção de como combatê-la, nem sabendo o que é a PEC 33 e a PEC37. Não é porque as pessoas demonstram descontentamento com a corrupção que os políticos ficarão bonzinhos e honestos. É preciso exigir medidas concretas de combate a corrupção. Se as pessoas não souberem como reivindicar, fatalmente não serão atendidas e a manifestação se torna um transtorno geral e perda de tempo.

Para que os políticos realmente invistam naquilo que o povo quer é necessário fazer com que eles sintam que o povo condicionará seus votos ao comprometimento de posturas políticas de acordo com o anseio popular. Nesse caso quem tem mandato e quiser se reeleger terá que mostrar serviço e quem quiser se eleger terá que apresentar um programa de governo condizente com os anseios populares. O problema maior disso é ter um povo que realmente saiba o que quer e faça valer sua vontade. A gente tem que informar as pessoas agora, a gente tem que politizá-las, ampliar a discussão na rua, nas redes sociais, nos blogs, vlogs, etc, mostrar políticas bem sucedidas em outras cidades do Brasil e do mundo, despertar o desejo nas pessoas de um transporte melhor, de um país melhor, e continuar sem descansar até às eleições.

O processo de conscientização do povo tem que começar agora, muito antes dos partidos montarem suas chapas e lançarem seus candidatos, sabe por quê? Quando sai a candidatura de alguém muita água já passou por debaixo da ponte. Antes do processo eleitoral os partidos montam seu programa de governo, pensam os possíveis candidatos, traçam suas estratégias de campanha, é um processo complicado de mediação de interesses dentro do próprio partido. Há vários grupos sociais por trás dos partidos, e os mais poderosos (os que financiam as campanhas) fortalecem a candidatura daqueles que atenderão seus anseios. A coisa funciona mais ou menos assim: suponhamos que o sindicato das empresas de ônibus de uma cidade deseja a implantação de uma determinada política de transporte que o favorecerá. Ele vai lançar candidatos a vereador e/ou apoiar candidatos que se comprometam com seus interesses. Se esse sindicato tem força no partido, é batata que quem se candidatar por ele estará fechado com esse grupo. Como o pessoal desse sindicato é muito esperto, ele não fica restrito a um partido apenas. Ele financia a campanha tanto do candidato do partido da situação quanto da oposição, ai ele garante representatividade no poder independentemente de quem for eleito. Nesse caso, as pessoas que tem interesse em uma política de transporte diversa desse sindicato não terão em quem votar. DESdemocratizaram as eleições. (Aconteceu coisa parecida em eleição pra prefeito em BH um tempo atrás...)

 E agora? O que fazer pra garantir democracia? Primeiramente, o povo tem que ter na cabeça a política de transportes que ele quer e passar a pressionar o governo pra que ela seja implementada. Se o interesse popular for contrário ao dessas empresas, no primeiro momento ele não se concretizará, mas é igual água mole e pedra dura. Vai pressionando, vai criando um sentimento popular que fortalece os segmentos sociais engajados nessas idéias, que ajuda a propagá-las e ganhar adeptos. Naturalmente entrarão nos partidos, ganharão força lá dentro e lançarão candidatos comprometidos com a causa. (não em todos) Deu pra entender o exemplo? Quer dizer, é preciso muita pressão popular pra derrotar grupos minoritários que detêm o poder no congresso e nos partidos. Democracia participativa é o caminho pra que haja uma democracia representativa (pelo voto) bacana.



Ônibus: Caio Vitória Mercedes Benz OF1620 prefixo 32606 daque fazia a linha 1127
Foto: Vítor Rodrigo Dias - Extraída do extinto fotolog: http://ohomemcueca.fotopic.net
Espero que gostem!



quarta-feira, 19 de junho de 2013

Tá na hora de se investir em transporte público. Como e por quê? Parte 2



Fala galera!

Primeiramente, parabenizo a todos os manifestantes que lutaram contra o aumento da passagem de ônibus por terem conseguido revertê-lo! Espero que haja redução em BH também! Espero também que a discussão por um transporte melhor ganhe ainda mais força!

Continuando a sequência de posts sobre busologia política. Tem duas pautas de reivindicações para a melhoria do transporte público que deveriam ser feitas em nível federal:

- As metrópoles deveriam ter um órgão único de planejamento e gestão do transporte, assim como um plano metropolitano de mobilidade. Hoje o planejamento de transportes, de acordo com a constituição, é de responsabilidade dos municípios. O problema disso é que os deslocamentos das massas nas metrópoles não se restringe aos limites políticos de cada município. Na prática, diversas cidades das regiões metropolitanas são continuações da cidade sede da metrópole. Um exemplo disso é a cidade de Ribeirão das Neves que ao invés de crescer de dentro pra fora, cresce de fora pra dentro, sendo invadida por Belo Horizonte. Hoje Ribeirão das Neves é uma cidade dormitório em que grande parte da população trabalha e/ou estuda em BH e volta para a cidade pra dormir. É normal haver mais linhas metropolitanas nessa cidade do que municipais.

Outro fator que exige um planejamento metropolitano é a implantação de qualquer tipo de sistema tronco-alimentado. Explicação rápida pra quem não sabe o que é isso: sistema tronco-alimentado é uma alternativa ao sistema convencional de transportes por ônibus em que a grande maioria das linhas converge para o centro. Isso gera vários problemas como a saturação dos pontos de ônibus gerando retenções nas áreas centrais e corredores nos horários de pico. Além disso, quanto maior o tamanho do trajeto da linha, maior o tempo de viagem, maior o desgaste do veículo, maior o consumo de combustíveis, maior o número de veículos para atender a frequência e, consequentemente, maior o custo da linha. A idéia do sistema tronco-alimentador é reduzir os custos, desafogar o centro e os corredores pegando várias linhas longas que fazem um trajeto comum e interrompendo-as onde seus percursos se tornam comuns. A partir desse ponto o restante da viagem é completado por outro veículo de maior porte de uma linha troncal ou em algum modo de transporte em massa como o VLT, BRT, monotrilho ou metrô. O problema disso é a baldeação. Isso pode comprometer a viagem sentado, requer outro tempo de espera e tal, mas a partir do momento que o usuário se sentir dentro de um sistema organizado que amplia suas possibilidades de conexão sem acréscimo na passagem (integração tarifária), tiver conforto no transporte e na estação e sentir a economia no bolso, ai sim, esse sistema valerá a pena.

Faz um tempão que eu venho falando que o BRT de BH será um fracasso e pode até piorar o transporte da RMBH, pois não há indícios que haverá integração tarifária entre as linhas metropolitanas com as linhas municipais e como as pistas segregadas para ônibus que já existiam foram derrubadas para que se construir uma nova pista segregada que proporcione o embarque de passageiros pelo canteiro central, as linhas metropolitanas não terão mais pista segregada. Deste modo, essas linhas terão um tempo de percurso maior no horário de pico e pra manter a frequência precisará de mais veículos. Isso pode influenciar futuramente no cálculo da tarifa dessas linhas. O pior é que essas as linhas de maior percurso são as que mais precisam ser reformuladas com integração com o BRT, mas não ocorrerá. Enquanto os órgãos municipais não dialogarem e trabalharem em conjunto, umas aberrações como essa sempre acontecerão.

O diálogo entre órgãos planejadores de trânsito de diferentes cidades é muito difícil, porque essa questão é muito mais política do que técnica. A uma infinidade de interesses por trás disso. A maneira mais inteligente de se forçar a barra pra um planejamento conjunto é unificar esses órgãos. Tomara que um dia isso ocorra! Já foi assim na época da METROBEL, o melhor momento do transporte da RMBH na minha opinião.

Ah! Esqueci de falar no post anterior de mais uma falácia a se combater:

Bicicleta não é meio de transporte! (Mentira!) Muita gente usa bicicletas como meio de transporte, ainda mais no interiorzão. As cidades grandes investiram excessivamente no automóvel e as tuas se tornaram perigosas para as bicicletas, mas isso não significa que isso não possa mudar. O video que eu posto a seguir mostra como os holandeses conseguiram as suas ciclovias. http://www.youtube.com/watch?v=BqhZMh6dQNM Eu preciso salientar que as pessoas em Amsterdã não atravessam a cidade de bike, e sim usam a bicicleta para locomover pequenas e médias distâncias e quando precisam  de andar distâncias maiores o indivíduo pode andar de bike até uma estação de metrô (faz a alimentação do sistema), atravessar a cidade na santa paz e ao chegar numa outra estação, se precisar, pode pegar uma bike pública emprestada pra completar o trajeto.



Foto: Vítor Rodrigo Dias extraída do extinto fotolog http://ohomemcueca.fotopages.com

terça-feira, 18 de junho de 2013

Tá na hora de se investir no transporte público. Como e por quê? Parte 1


Fala galera!

Em semana de manifestações pelo Brasil que começou em SP com o movimento passe livre contra o aumento da passagem e se espalhou pelo Brasil inteiro. As pessoas estão nas ruas para pedir uma inversão de prioridades na política de transportes que prioriza o automóvel ao invés de priorizar o transporte público. O mais interessante do movimento passe livre é que finalmente o transporte está sendo colocado em pauta. Na minha opinião, se o movimento conseguir disseminar o desejo de um transporte melhor e despertar a consciência das pessoas sobre o tema ele será um completo sucesso, mesmo que ele não consiga maiores resultados a curto prazo (mas creio que consiga). Se o povo tiver essa consciência e explicitar esse desejo não haverá político que tenha força pra negligenciar isso. Essa é a oportunidade que caiu do céu para os técnicos e busólogos contribuírem com a sociedade com seus conhecimentos sobre transporte, pois as pessoas desejam um transporte melhor, mas as vezes não têm um referência de qualidade ou por falta de conhecimento não compreendem algumas coisas que são pautadas.

Investir em transporte é uma necessidade, pois:

- Quem precisa do transporte público merece respeito. (Por si só esse argumento deveria bastar)
- A cidade de SP, de acordo com o IPEA, paga dízimo pro engarrafamento! Isso mesmo, 10% do PIB de São Paulo vai embora por causa dos engarrafamentos. A capital carioca tb perde 10% do produz no trânsito. Pode conferir no nessa matéria do ig. É dinheiro jogado fora! Isso trava muitos investimentos privados. BH e outras metrópoles também sofrem com isso.
- A disponibilidade de transporte público é fator de valorização de bairros. De acordo com a SECOVI de SP os empreendimentos imobiliários localizados próximos às estações do metrô são bem mais caros que os similares mais afastados. Ou seja, a disponibilidade de transporte é fator relacionado a especulação imobiliária. Quanto mais concentrado ele for, maior será a discrepância de preços do mercado imobiliário e maior serão as diferenças sócio-espaciais na cidade.
- A distribuição irregular do transporte público no território urbano é fator de segregação social. Muita gente deixa de sair a noite, deixa de sair pra se divertir e perde até oportunidades de emprego por isso. É uma questão social.
- O tempo perdido nos deslocamentos do trabalho, agravados pelo trânsito provoca stress e diversas doenças decorrentes disso. Além disso, a produtividade do trabalhador cai. Há diversos estudos sobre isso como esse.

        A solução para o engarrafamento e todos os problemas decorrentes dele é fomentar a migração do transporte individual por automóvel para o transporte público! Isso só será possível se o transporte tenha excelência e seja competitivo em relação ao automóvel. Usar transporte público, no entanto, não trás status, nem oferece o conforto do automóvel, mas se ele for mais barato, mais prático e mais ágil que o automóvel, ai sim ele pode ser competitivo. Para isso, é preciso dar total prioridade ao trânsito de ônibus, brt e vlt, e investir em modais que não tenham interferência do trânsito, como é o caso do metrô.


Falácias a serem combatidas:

O problema do transporte público é a falta de concorrência. (MENTIRA! Dá calo no olho ler uma coisa dessas.) A concorrência no transporte público é um desastre. Pra começar, a tarifa é padronizada e as linhas são planejadas (ou deveriam ser) pela secretaria de transporte municipal ou autarquia responsável. O transporte público tem que ser otimizado pra ser mais eficiente, de modo a ser prático, rápido, barato e harmônico com o trânsito. Para isso, a idéia é acabar com a concorrência entre linhas (uma esvazia a outra) de modo a introduzir linhas troncais onde o itinerário de linhas é idêntico. Se todas as linhas da periferia convergissem diretamente para o centro passando pelos corredores haveria um abarrotamento dos pontos que poderia gerar retenções. Lembrem-se da época dos perueiros, havia concorrência com os ônibus, e também havia caos no trânsito. Além disso, isso gera economia de espaço viário, combustível e dinheiro. Essa é a lógica do sistema tronco-alimentado. Outro exemplo de concorrência burra, são as linhas metropolitanas com destino ao centro de BH que custam pelo menos R$3,45 (e as vezes andam menos que as de SP que custam R$3,20) enquanto as de BH custam R$2,80. Só em situações excepcionais um usuário de BH pegaria uma linha metropolitana. Nem cartão BHBUS elas tem.

Alargar ruas resolve o problema do trânsito. (Mentira!) Quanto mais você oferece conforto para se andar de automóvel, mais as pessoas tendem a utilizá-lo. Alargar ruas pode minimizar temporariamente o engarrafamento, mas se o número de automóveis aumentar, as ruas voltam a saturar. Além disso, alargamento de ruas muitas vezes requer desapropriações (cu$ta caro e gera um problema social enorme pra realocar esse povo) e tem um limite. Ninguém vai derrubar centros históricos pra isso.

Investir em vias expressas, viadutos e outros instrumentos pra aumentar a velocidade do trânsito é a solução. (Mentira!) Aumentar a velocidade de operação das ruas dificulta a travessia de pedestres, torna a via mais perigosa e aumenta a poluição sonora. Você já reparou que na beira de vias rápidas costumam ser degradas, desertas e perigosas? Isso ocorre pq só empreendimentos ligados ao carro como posto de gasolina, moteis drive-in, galpões, garagens, essas coisas são os únicos empreendimentos viáveis na área. Fora isso surgem favelas, afinal, quem não tem dinheiro pra morar com dignidade invade as áreas possíveis. (mesmo que sejam perigosas e insalubres) Olha uma prova do que eu tô falando. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/37241-minhocao-carioca-deve-ir-ao-chao-em-3-anos.shtml
Dica de leitura sobre o assunto: Morte e Vida nas Grandes Cidades - Jane Jacobs - 1969

Aumentar a qualidade dos veículos aumenta o preço da tarifa. (Depende!) A tarifa é composta de vários fatores como itinerário, tempo de percurso, demanda, manutenção, pessoal, garagem, renovação de frota, impostos, combustível, seguro, lucro das empresas e da autarquia reguladora, em BH a BHTRANS. Se a linha for "burra", fizer concorrência com outras, tiver itinerário ruim (longo, demorado, esvaziado e sujeito a retenções) e a demanda insatisfatória ela dará prejuízo e as demais linhas vão ter que financiá-la pra manter o padrão das tarifas.Tendo em vista que o transporte público é degradante, as pessoas se sentem mal em utilizá-lo, e pelo bem da cidade o ideal é que o usuário do carro migre pro ônibus, e com tantos fatores que interferem na passagem, a coisa mais BURRA do mundo é fazer economia comprando ônibus com chassi de caminhão (vulgos cabritos, os mais baratos do mercado e os mais duros também).

Investir em metrô significa matar o ônibus. (Mentira!) O metrô tem baixo poder de penetração na malha urbana. (no popular: pouca coisa fica perto das estações do metrô.) Metrô é um modo excelente como troncal. O ideal é que os ônibus sirvam de alimentação pr'esse sistema. Sem falar nas linhas perimetrais, circulares e estruturais que complementarão esse sistema. Ou seja, metrô sem ônibus não funciona tão bem.

Ônibus é coisa de pobre. (Mentira!) Transporte público é coisa também de gente que tem consciência ambiental, que sabe que optar pelo transporte público reduz emissões de carbono, contribui para um trânsito melhor, faz economia e, onde o ônibus tem prioridade, as vezes chega mais cedo do quem vai de carro.

Linhas insustentáveis, que dão prejuízo deveriam ser extintas. (Depende!) Linhas mal feitas devem ser repensadas para otimizar o sistema, mas o direito a mobilidade é sagrado. Tem determinadas linhas que dão prejuízos, mas são necessárias para a atender a uma determinada população que não tem alternativa.

Espero ter contribuído com argumentos que possam conscientizar e implantar a sementinha do transporte público no seu coração. Pensem nisso na hora de votar e na hora de manifestar também. No próximo post, terá mais!



Ônibus da foto: Linha 328, Caio Vitória Mercedes Benz OH1318 prefixo 9813 já retirado do sistema.
Fotógrafo: Vítor Rodrigo Dias, extraído do extinto fotolog: http://ohomemcueca.fotopages.com

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Torino GV OH1621 ex-BH a venda em Ribeirão das Neves






Saudações busólogos de plantão!

Nessa quarta feira de cinzas eu trago pra vc um dos últimos padrons a deixar o sistema BHBUS, um belo Marcopolo Torino GV Mercedes benz OH1621LE. Olha ele na ativa aqui no blog enxertado na SC02: http://cabeleirabus.blogspot.com.br/2011/01/olha-so-quem-ainda-ta-na-ativa.html. Ele está a venda hoje no Mercado Livre por 27mil. Taí mais um veículo que mais cedo ou mais tarde entrará no blog do Alysson no http://onibusexbh.blogspot.com.br/, site que eu recomendo!

Faz um bom tempo que não atualizo e nem tenho fotografado, pois tenho que ser honesto com vcs que estou muito desmotivado com a busologia em BH. Hoje vejo a frota de BH com muito desgosto, pois apesar de ser uma das mais novas do Brasil os veículos são muito ruins. Só tem cabrito duro. Esse B270F da Volvo, a grande novidade dos últimos tempos, só tem potência, mas é um chassi durão, sofrível assim como os OF1722 e o 17-230EOD. Pode-se discutir qual é menos ruim, ou melhor, menos PIOR, pois qualquer um quebra a coluna de quem senta na traseira. Além disso, a quantidade de vacilos feitos pela BHTRAN$torno, nosso prefeito ignorante e nossos malditos vereadores, paus mandados da especulação imobiliária e do SETRA-BH, nesses últimos anos têm comprometido demais o transporte na cidade. Desde de que lancei esse blog vi o aleijamento do itinerário de linhas nos fins de semana, aumentos abusivos de passagens, piora progressiva da frota, piora da comunicação dos passageiros com a BHTRANS com o fim do telefone direto pra lá e a automatização do atendimento, num futuro próximo motoristas cobrando passagens nos domingos e nas madrugadas, um BRT que tá dando um transtorno horroroso pra já nascer saturado e o que é pior, só Deus sabe o que vai acontecer com as linhas metropolitanas, se elas vão ter um BRT separado, ou se vão colocar portas na esquerda ou se elas vão passar junto dos carros pegando um engarrafamento monstruoso, enfim, faz 10 mais de anos que as coisas só pioram, mas nos últimos anos está abaixo da crítica!

É por essas e outras que esse blog aderiu a campanha em prol da priorização do transporte público em relação ao particular e também contra a acumulação de funções dos motoristas. Na prática o motorista tem maior desgaste, não tem o devido retorno por isso e faz muito mais barbeiragens por isso.



Outra hipocrisia que me incomoda horrores: Cobram-se dos passageiros de ônibus de viagens o uso de cintos de segurança, mas os coletivos que andam voando baixo na Via Expressa, na BR, nos corredores podem andar com gente pendurada, saindo pelo ladrão de boa. Concluo que se o coletivo bate ou capota ninguém fica ferido, logo pela nossa segurança os ônibus de viagem deveriam ser proibidos!

Até a próxima!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Vitórias OF1318 da São Geraldo



Saudações busólogos!

Depois de muito tempo tô de volta trazendo pra quem não teve a oportunidade de conferir 2 Vitórias OF1318 da São Geraldo que faziam a linha 9032. Tive contratempos complicados seríssimos que me afastaram do hobby. Um dia depois do meu último post tive meu computador furtado em minha própria casa e o disco de backup  de busologia não funcionava. Quando minhas esperanças já estavam esgotadas encontrei um backpão fino de 2010.

Voltando a falar dos veículos, sinto muita saudade deles, assim como toda a frota da São Geraldo que na época da foto era maravilhosa. Vitórias OF1318, Busscar Urbanus B58E, Urbanus II B58E, Urbanus II OH1621L, Torino GV B58E, Alpha 0-371UL, Urbanuss OH1420, Torino GV B7R e Torino GV OH1420, sem falar nos saudosos monoblocos 0-371U que rodavam na 1804. Várias vezes peguei desses veículos na 9202 e principalmente na extinta 9203. Lembro com muito carinho dos carros 9400, 9401, 9403, 9404, 9407 e 9409 tb. Bons tempos. Na época eu esperava que eles viessem a ser substituídos por por Torinos GV2 B7R, mas vieram foram GV2 OF1721 e OF1418. Teve um Torino 99 OF1721 que hoje tá rodando em Ponte Nova. Agora não lembro o prefixo antigo dele, se era 1971,2,3,4 ou 5.

Das minhas preocupações com a busologia nesse momento, aliás são preocupações como cidadão e elas não são de hoje, são o BRT e a possibilidade da extinção de várias vagas de trocadores em linhas comuns (diametrais, circulares, semi-expressas). 

O BRT tem 3 problemas monstros:
1 - Não terá integração física e tarifária metropolitana, logo as linhas que mais precisam da integração, as metropolitanas, serão negligenciadas e sabe-se lá se elas circularão na via do BRT, que também dividirá espaço com as diametrais, ou se as metropolitanas circularão junto dos carros no meio do engarrafamento, portanto o excesso de linhas nos corredores e no centro continuará, logo a eficiência do sistema será baixa.

2 - Os empresários (SETRA-BH) estão forçando a barra pra operar o BRT com cabritos articulados.
Link para a Notícia São veículos completamente inadequados, desconfortáveis e perigosos, tendo em vista que pelas nossas vias e pela topografia do município ser muito acidentada, esses veículos serão muito exigidos.

3 - O BRT já nascerá saturado, pois terá demanda de pouco mais de 20mil passageiros/hora-sentido e não trabalhará com bi-articulados, logo não aliviará o aperto já passado pelos passageiros com a superlotação dos veículos.

Na verdade, boto fé que a melhor coisa a ser feita nessas circunstâncias de inércia e má vontade políticas para um planejamento metropolitano de transportes, seria aproveitar as vias exclusivas que já existiam e botar articulados nas troncais. Isso não resolveria o problema, mas minoraria os problemas das linhas troncais, evitaria uma encrenca com as linhas metropolitanas e principalmente, não avacalharia uma futura implantação do metrô. Como assim? A linha 3 do metrô que iria da Savassi até a Pampulha tem itinerário muito parecido com o do BRT. O problema é que o metrô é muito caro e carece de muita demanda pra funcionar sem prejuízo. O custo do metrô é aprox. US$100.000.000,ºº por KM, enquanto o BRT custa US$20.000.000,ºº por KM. (Esses custos são flutuantes, dependem muito das desapropriações, do solo, etc.) O BRT carrega entre 15-25mil passageiros/hora-sentido, mas o metrô carrega 80-100mil passageiros/hora-sentido, todavia ele requer pelo menos 30mil p/h-s pra ser viável.

A minha outra preocupação é com essa lei que essa corja que ocupa a câmara municipal aprovou e que um monte de imbecis fizeram o desfavor de reeleger grande parte deles. Olhem essa notícia: Link Por isso eu peço a vocês que compartilhem essa imagem que eu sempre posto de que não faz sentido proibirem motoristas de falarem no celular e permitirem motoristas cobrarem passagem. Se você é a favor do transporte público de qualidade milite por essa causa!

Um grande abraço!




sábado, 4 de agosto de 2012

Torino GV SCANIA L113CL da Serra Verde na 3501


Saudações busólogos de plantão!

Trago hj pra qm ñ teve oportunidade de fotografar ou baixar algum arquivo sobre esse lindo veículo, um Torinão Scania L113CL prefixo 9427 rodando na 3501 A. Essa linha qdo era operada pela extinta Serra Verde a Scania dominava! Ela era repleta de Torinos GV L113 e Millenniums L94UB. Grande época que deixou saudades!

Esse blog presta uma homenagem póstuma ao notável busólogo de Muriaé José Goulart, muito querido na Zona da Mata de Minas Gerais. Não cheguei a conhecê-lo, mas deixo meus sentimentos à família e amigos. Você pode acompanhar o trabalho dele acessando esse link:
http://onibusbrasil.com/zegoulart/mural/


Foto de Vítor Rodrigo Días
Extraída do extinto fotolog: http://ohomemcueca.fotopic.net
Até a próxima!



quarta-feira, 25 de julho de 2012

Dia do motorista, do busólogo e de Torino GV B58


Saudações busólogos de plantão!

Para comemorar o dia do busólogo trago hoje pra quem não teve a oportunidade de fotografar ou adquirir arquivo, um belo Torino GV Volvo B58Eco que rodou na 4405 de BH! Esse veículo deixou muita saudade!

Como a SETOP e o DER/MG fizeram a infelicidade, a burrice, a estupidez, a idiotice de modificar a numeração das linhas metropolitanas de forma quase que aleatória, hoje nós temos no mesmo território circulando duas linhas de mesma numeração. E o pior, as duas passam no mesmo trecho da avenida dos Andradas. Para quem é de fora de BH, as pessoas pegam mais ônibus pelo seu número do que pelo destino. Isso ocorre pq nos pontos de ônibus as placas indicam o número das linhas e pq existem bairros que são atendidos por mais de uma linha que possuem itinerários distintos. Corre-se o risco de se pegar o ônibus com destino correto, mas parar em uma região não favorável do bairro.

Na minha infância distante lembro de Amélia 1 de acabamento interior metálico, águias, vitórias OF1318, Alvoradas e Ciferais padron rio desfilando pela 4405. Posteriormente a linha ficou repleta de grandes carros como Urbanus II OH1621L, Torinos GV B58 e B7R e Alphas 0-371UL. Havia tb um Svelto 96 B58Eco q tb era show. Não lembro de ter Urbanus II 0-371UL e monoblocos 0-371U, mas a linha 4409, irmã de empresa concessionária possuía. Os padrons começaram a ir embora com a chegada de Apaches S21 por volta de 2004/2005 e já foram substítuidos. Hj a 4405 está povoada de Apaches VIP 1 e 2 OF1722M, e provavelmente em pouco tempo por Apaches VIP 2 OF's1721 Euro V. Uma pena, pois essa linha merece veículos melhores.

Desejo a todos um futuro melhor pro nosso transporte, pro nosso trânsito, muita criatividade para os designers, pois a década passada foi fraquíssima nisso, muita nostalgia e que o nosso hobby tenha cada vez mais força!

Abraços!







quinta-feira, 19 de julho de 2012

Busscar UrbanusS OH1621LE ex-Transamazonas e Turilessa




Saudações busólogos de plantão!

Hoje trago pra vcs um belo Busscar Urbanuss que rodou na linha 1113. Linha que por muito tempo teve fartura na frota basicamente composta por alguns monoblocos 0-371U da segunda geração, muitos Urbanus  II 0-371UL e OH1621L e UrbanusS OH1621LE. Bons tempos. Hoje a frota da linha é repleta de cabritos. Uma pena muito grande. Essa foto é do ano passado, mas vale a recordação! Diga-se de passagem ficou show esse veículo com essa pintura.

Um grande abraço! 



sábado, 14 de julho de 2012

Marcopolo Torino LN Scania F113

Saudações busólogos de plantão!

Depois de muito tempo regressamos com esse lindo registro do Vítor Rodrigo Dias extraído do seu extinto blog.


Linha 2214
Carroceria Marcopolo Torino LN
Chassi F113HL
Prefixo 8419
Belo Horizonte

Abraços e até a próxima!